Quais empresas estão sendo investigadas por carne podre?
A operação “Carne Fraca”, elaborada pela Polícia Federal para investigar frigoríficos brasileiros veio em um momento de fragilidade da política brasileira, já que a operação “Lava Jato” já deixou fragilizada uma das grande potências nacionais, a Petrobrás, vê também um dos alicerces da economia nacional, o agronegócio, que vinha em franca recuperação, ficar abalado, inclusive lá fora.
Países como China, Chile e Coreia do Sul, além da União Europeia, suspenderam temporariamente as importações de empresas citadas na fraude. Além, é claro, do mercado nacional que também se nega a continuar comprando carnes suspeitas de estarem adulteradas. O Carrefour, por exemplo, já retirou de suas prateleiras produtos de empresas que se envolveram no escândalo.
Além de prejudicar a economia brasileira, o escândalo pode afetar também o desemprego, que já está em números altos no Brasil, pois de toda carne produzida aqui, 80% é consumida no mercado interno, somente 20% vai para fora.
As exportações brasileiras do produto somaram mais de US$ 14 bilhões (R$ 43 bilhões), com o escândalo da carne estima-se uma redução de 10% nas exportações brasileiras de carne que pode custar 420 mil postos de trabalho
Com um mercado competitivo, a operação “Carne Fraca” pode gerar outra problemática para as carnes brasileiras lá fora, pois os governos internacionais podem impor mais tarifas alfandegárias ao Brasil.
Apesar da imensa boataria sobre carnes estragadas, a maioria das 21 empresas citadas não tem relação com carne estragada, mas com problemas administrativos.
Vamos às acusações divulgada pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento:
Acusação de carne estragada ou vencida
- BRF (Sadia e Perdigão): suspeita de salmonella em granjas de frango e de peru;
- Peccin Agro Industrial, de Jaraguá do Sul (SC) e de Curitiba (PR) : suspeita de utilizar carne estragada em salsicha e linguiça e utilizar aditivos acima do limite ou proibidos;
- Frigorifico Larissa, de Iporã (PR): suspeito de vender produtos vencidos, trocar etiquetas e transportar produtos sem a temperatura adequada;
- Frigorífico Souza Ramos, em Colombo (PR): suspeito de substituir matéria-prima de peru por carne de outras aves;
- Central de Carnes Paranaense – Colombo (PR): suspeita de injetar produtos cárneos;
- Transmeat Logística, Transportes e Serviços – Balsa Nova (PR): suspeito de injetar produtos cárneos;
Empresas suspeitas de corrupção e fraudes administrativas
- Seara (da JBS) – Lapa (PR): Irregularidades no procedimento de Certificação Sanitária;
- BRF – Mineiros (GO): Corrupção, embaraço da fiscalização internacional e nacional e tentativa de evitar a suspensão de exportação;
- Frigorífico Oregon – Apucarana (PR): Corrupção e tornar difícil as ações de fiscalização;
- Frango D M Indústria e Comércio de Alimentos – Arapongas (PR): Corrupção;
- Frigorífico Argus – São José dos Pinhais (PR): Uso de senha do servidor do Ministério da Agricultura pelo funcionário da empresa;
- Frigomax Frigorífico e Comércio de Carnes – Arapongas (PR): Poluição ambiental e corrupção;
- JJZ Alimentos – Goianira (GO): Embaraço da atividade de fiscalização e corrupção;
- Frigorífico Rainha da Paz – Ibiporã (PR): Corrupção;
- Indústria de Laticínios S.S.P.M.A. – Sapopema (PR): Dificultar as ações de fiscalização;
- Central de Carnes Paranaense – Colombo (PR): Corrupção;
- Breyer & CIA – União da Vitória (PR): Corrupção;
- E.H. Constantino & Constantino – Londrina (PR): Corrupção;
- Fábrica de Farinha de Carnes Castro – Castro (PR): Não controle de recebimento de matéria-prima;
- Transmeat Logística, Transportes e Serviços – Balsa Nova (PR): Corrupção.
Manifestação das empresas citadas
A BRF informou que “não compactua com práticas ilícitas” e que, ao ser informada da operação da PF, tomou imediatamente as medidas necessárias para a apuração dos fatos.
A Peccin Agro industrial informou que está à disposição das autoridades para prestar esclarecimentos.
A Frigorífico Larissa informou que se manifestará após conclusão do laudo da inspeção.
A Indústria e Comércio de Carnes Frigosantos informou através de seu advogado que a empresa ainda não sabe o motivo pelo qual está sendo investigada.
O Frigorífico Rainha da Paz informou que “mantém rigoroso controle de qualidade e de higiene em seu processo produtivo, com cumprimento das normas sanitárias pertinentes”.
A Breyer & Cia informou que é uma empresa de mel e cera de abelhas e não tem relação comercial com frigoríficos.
A Frango D M Indústria e Comércio de Alimentos disse que a empresa foi mencionada devido à doação de duas caixas de carne de frango, informa ainda que o fato realmente aconteceu e foi autorizado como uma contribuição a um evento sem fins lucrativos.
Ainda são aguardadas manifestações das demais empresas citadas.